segunda-feira, 9 de abril de 2007

SEM TÍTULO XI

Atirei uma pedra ao lago. O lago moveu-se dentro dos meus olhos. É ao largo do lago do olhar que os olhos nos choram e são os únicos que pranteiam por nós. O lago mexeu-se...refletiu-se, filigranas entre as sombras, o múrmurio do vento varre a superfície, as águas chegam e lavam as bordas da terra. No barranco, na umidade das margens, uma menina de olhar chora uma mulher . Mascando fios de capim seco, entre os dedos uma flor a esvair-se porque oferenda agora volatizada, já não mais enlaça suas crias, só teias e enredos sob o vitral d'água estilhaçado. E neste espéculo meus passos dançam, a arena é sutil e guarda seus retalhos em floradas de abril, anoitecidas folhas que não mais amanhecem...As águas se moveram, se movem, em lâmina me alcançam os rastros, meus pés descalços , em mim chegam e sob a densidade evaporam-se em sutis frascos de dissimulados olores, as lascas desses ponteagudos penhascos de vidro...enquanto este lago me chora...arrebentam-se os traços...




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