segunda-feira, 23 de julho de 2007

CORVOS




Eles
espreitam pelas gretas do tempo,
e, se chove
deslacram as sepulturas.
No sussuro do ar
mirantes da mortandade dos rios,
da necrofagia das cachoeiras.
Ah, o ganido desses corvos inquietos
cruzando a própria morte,
morrendo o próprio deserto!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

PARÁGRAFO DA ARTE COM A ESCULTURA DE TANIA BREVES






A artista plástica TANIA BREVES desenvolve nas artes plásticas do Paraná, na contemporaneidade, relevante trabalho na Escultura em madeira, com a técnica do entalhe. A história de iconografias na Escultura demonstra enfase à materiais e técnicas as mais diversas, na criação do objeto artístico. O talhe, o entalhe em madeira se caracteriza por momentos na história da arte em que essa técnica milenar situa-se no mesmo nível que a escultura em pedra, em Metal, como nos períodos arcaico grego, impérios do Oriente e europa medieval. Assim, a talha em madeira destacou-se na Contra-Reforma, em razão da necessidade de propaganda dos valores religiosos, estando a escultura em madeira policromada ligada à imagens de devoção. Com a modernidade, a enfase aos materiais e técnicas é abrangente, o artista trabalha o próprio material como expressão. TANIA BREVES é inserida neste contexto, trabalhando com versatilidade e talento desenvolve um trabalho expressivo onde adotando a policromia em suas talhas, ora enfatiza caracteres devocionais, reverenciais ao seu trabalho, ora retalhando os veios da madeira e deixando expostos os seus carnais caminhamentos, reescava e faz emergir sentidos do próprio material. Com inúmeros trabalhos expostos, inclusive na Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR, a artista se insere num contexto à tradição do entalhe, da talha em madeira, preservando valores culturais na arte paranaense.

COM VERSO





COM VERSO
ME DITO

segunda-feira, 16 de julho de 2007

FACE A FACE





Que contempla a tua face,

A face que te seduz,

A face que te reluz,

que falsamente te ilumina?

- Contempla a miséria do sonho!

A outra jaz oculta noite e dia,

é a quimera sempre insepulta,

desnuda fera na roda de Íxion,

a tua sombra no Oráculo, teogonia!






domingo, 15 de julho de 2007

LIQUIDEZ

Como uma líquida tela
escorre dos rios entre grimpas
esse expurgante escarro
catarro
embalo
fio da água entre cismos
que a luz reflete
entre as sombras
pinçam filetes
fantasias no ralo

sábado, 7 de julho de 2007

ARAUCANA

Olha as pedras, escuta o chão,
ouve a árvore,
goteja orvalho da alma à luz da lua.
Araucana,
olha em volta, não há ninguém,
não é de ninguém,
olha as pedras, escuta o chão!
Araucana amanhece como anoitece,
só o lavrador lhe toca a semente,
com seus dedos de terrões e celeiros.
Araucana não é só pensamento,
mas árvore de conhecimento,
verde fechado,
arroio do coração!

segunda-feira, 2 de julho de 2007

ENTRE- MONTANHAS

Entre-montanhas,
compassados voos da alma
peregrina
percorrem secretas celas.
O incenso dos turíbulos
infla o pouso sob os beirais,
enquanto entre as ramagens
o vento assovia
canoros ruflos, madrigais!
Ao longe
as sombras se abrem e se fecham
em ocasos.
Meus olhos esvoaçam espraiando-se
e ruflam asas nas embocaduras
e nas margens, desses riachos, desses córregos...
Entre-montanhas esse cismar finito,
solfejado grito, agonia da viagem...