terça-feira, 27 de novembro de 2007

PÁGINAS DA ALDEIA ( NA OLARIA)

Sou figura no fundo de mim,
paisagem silente do meu claro-escuro,
guardo nesta câmara semente,
do útero das águas, o sal , a mente,
o frescor e o lodo moldados,
o lobo e a ovelha em habitat,
partos separados.
Assim, me rasgo ao mundo,
na olaria, fragmentos da aldeia,
corpo manuscrito, vaso velado...

sábado, 24 de novembro de 2007

PÁGINAS DA ALDEIA (JANELA ENDUENDADA)



Do Barro do Teu Barro...

O aroma de todas as coisas,
a volúpia, os caracóis,
os pomos maduros da carne.
Do barro do teu barro,
o velho escultor de sementes,
sob a luz e o cinzel da alma
entalhou a nudez do crente.
No barro do teu barro
arrebentou- se a semente,
a dor pariu-se,
e o amor como metamorfose
fez-se obra, em sarça ardente!

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

PÁGINAS DA ALDEIA (na Olaria)


O jarro emborcado do meu corpo
guarda o tempo.
Ampulheta na argila
perfila a navalha
o pensamento,
na olaria queimam-se
quimeras,
o pó desfolha o verbo,
sulcam a talha,
meus pés de terra...

PÁGINAS DA ALDEIA ( VIIIA)


Dobram os sinos,
o mundo enterra seus meninos,
os lírios de barro fenecem,
a aldeia sem véus entardece...
O poema morre aldeia,
sem pernas, sem lanças,
sem braços,
dobram os sinos
nesse covil de traços!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

PÁGINAS DA ALDEIA (NA OLARIA J33)







Na Olaria secam
as peças sobre as
prateleiras.
O tempo é artífice
na coagulação,
o informe se calcina
em novas formas
pelas mãos...

PÁGINAS DA ALDEIA ( FIGURA/FUNDO)

No pergaminho da aldeia,
figura e fundo na memória
perdida...
Machu/Pichu o grande palco
entre as nuvens, sob as cercanias
de vento,
esboço cortante de inscrições,
da pele da aldeia no tempo...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

PÁGINAS DA ALDEIA (na olaria)





Na Olaria crispam-se as mãos,

os olhos mirantes das águas

revolvem o informe da argila,

respinga a carne a febre do pão!