terça-feira, 13 de julho de 2010

CABELOS DO PÓ


Desenho/Bruno Di Maio
(Líricas de um Evangelho Insano)

Eu não posso emoldurar os cabelos do pó
não posso emoldurar a lágrima
nem o tempo das tuas mãos
mas teço as sombras sob teu corpo
das contas das gotas dos meus olhos
qual sagrada procissão
que me revela
além da moldura
a cegueira da minha visão
enquanto os beirais exalam
o teu incenso amado meu!

AVE VENTO



foto/sortilégio de Maitta


(Líricas de um Evangelho Insano)



Ave vento
canta pelo caminho seu hino
para não morrer de fome
mas o coral do tempo
desafina
nesta cidade
envernizada
ruídos ressoam
atrozes
gozos de falsos gemidos
sussurram
com suas bocas envenenadas
delírios colhem-se
cataventos giram
invólucros despem
amanheceres dissimulados