segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

TANKTOTENS

Debruço-me entre os recortes,
jornais, papéis, picotes,
a mídia confeitada,
tanktotens,
a alma espolcada, amordaçada,
incisiva talha,
a escultura-figura,ogiva de arcos,
navalha de Smith
ainda ergue sua cabeça
a este insustentável
recorte de céu, de papel.
Dá-me um novo torso,
um novo disco solar
de escorso, uma nova
cabeça totêmica,
além do fenômeno.
O amor é uma lâmina,
linha recortada contra
o pano de fundo do Totem!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

LÍRICA TOCCATA

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Toca-me...
diz a pedra à argila,
toca-me com teus lírios
para que eu desperte
da minha tumba!
Tu, que flexível modelas o junco
e o ensinas a entender
a coreografia dos ventos,
toca-me...
tu que modelas as dobras do tempo
das sombras
e faz vergar a noite
sobre os ombros cansados
do peregrino e adagas
e estrelas os seus pés,
e recurvas os canteiros
de sua boca,
toca-me!...

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

UMA SINTAXE DE ÁGUAS

Águas não verbam,
águas não tem sintaxe,
águas lavam,
matam a sede,
escorrem,
purificam,
limpam os pruridos,
fermentam levedos
e cristalinas vazam sentidos
lavando até as ferinas olheiras
em seu espelho refletidas,
porque moendeiras,
também, lambem as pedras limeiras,
quando em sintaxe de corredeiras,
se infiltram em fugas,
pelos verbos do chão.
Mas, quando mal tocadas
não giram moinhos,
mas, moendam novos linhos d'água,
enquanto os discursos escorrem
em sintaxes, de pedra-sabão!...