quarta-feira, 1 de setembro de 2010

ISTO NÃO É UM POEMA PARA MAGRITTE


pintura/Magritte





(Líricas de um Evangelho Insano)



O poema é feito de azeite?
Me gusta levedura natural,
misturo alho com leite,
um céu sem continente, sem novelo, hibernal,
isto não é um poema, não é uma prosa,
não é uma pátria. É uma pátria! E, talvez seja uma rosa!...
Uma coxia, mas, nunca um tribunal!
Ou será um funeral ocidental?!
Talvez um corrimão, uma demão,
um par de tênis deixado no corredor,
um condenado à espera da hora da câmara,
um poema pode ser bem uma tentativa,
uma nova nomenclatura de Marselhesa,
um delírio tremens de existir,
um endosso de Lombroso,
ou um cascalhar de algum grafite pelos riscos,
dos rios, das favelas, deste país sem chão...
de subsistir, de inexistir,
de rumorejar, de ser e retroceder,
de retrilhar os sonidos da contramão.
Um poema talvez nunca tenha a sua hora
do feijão.
Mas, talvez possa pincelar texturas,
com pátinas de gemas de tempo forçado, ainda não vivido,
de amadurecer pomos de amores d'outros coalhados,
no mó do gozo arrendado.
Tudo talvez seja o todo num poema que seja e não seja,
palavras soltas, apenas palavras,
sílabas mal calcinadas,
sinais perdidos na estrada,
só pra soprar bolhas,
de palavras de Hiroshima,
de sabão?!!!!

Nenhum comentário: