terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Margeandos


foto/Chico Stefanello


O estranho caminhante que passa ao meu lado
não me vê
falamos hemisférios diferentes
nossos olhos tem altos e baixos castanhos
e não podemos ver o céu com o mar na mesma pessoa
nem o sentido oculto das pedras
Ele me olha e eu não consigo vê-lo
Ele me vê e eu não consigo olhá-lo
só nos cumprimentamos
um leve aceno e um sorriso lacônico
e a porta fecha-se
passamos como nossos passos
fico só ouvindo o som do meu tambor
o dele vai tamborilando ao longe
O luar se esfuma atrás dos ramos
entre os nossos olhares cortados
houve a ciência que nada disse

Um comentário:

Madalena Barranco disse...

Lilian, você me encanta e me leva às profundezas de um caminho em que os viajantes se encontram, mesmo que não se olhem...

Obrigada Lilian querida, pelas suas palavras de incentivo ao meu trabalho pelo amor e pela consciência... O que você também faz de forma belíssima pela prosa e poesia, pois atinge o objetivo quando toca a alma do leitor.

Beijos, com carinho
Madalena