sábado, 11 de agosto de 2007

A DEBULHA DA PALAVRA





Como uma tenra espiga

se debulha em grãos,

da fundura da palavra

desde sempre nasce a farinha,

renascem os mortos e suas raízes

e novos berços choram

entre os mortais deuses.

Há nessas planuras de grãos,

o ar livre

da aldeia recém-desperta,

o verde útero donde sempre

se gestam as folhas

até a descida das trevas às cisternas

e a brotação do sumo das ramagens.

- Que o furacão escurece o sol do mundo

e na debulha úmida da seiva,

a resina se faz cio de grão.

Como uma anoitecente veladura,

as tuas palavras em minha alma!



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