
(...para minha mãe que amava e cultivava as margaridas) releitura poética
Aquelas mãos pequeninas
debulhavam os grãos
e misturavam a dor e a farinha de trigo
o óleo o sol a água o fermento o colo
o unguento...
Algumas horas deitavam a massa
dentro da suave concavidade do berço
e recoberta por um singelo véu
de algodão alvejado
meu olhar também ali
cingia-se na expectativa do repouso
Horas depois do longo sono
suas mãos coreografavam
a flexibilidade dos grãos
e da massa que lentamente
assumia a forma aos seus toques
Pães de sol cheiravam do forno quente
e recobertos pelos mesmo véu branco
impregnavam de ternura a minha vida
os espaços das minhas formas