domingo, 27 de dezembro de 2009

AMANHECENTE


FELIZ ANO NOVO!
IMENSO ANO DE PAZ DE 2010!

Queria passear de mãos dadas
com a palavra sem conceitos
queria transformar as pedras
em colméias
e gritar a Deus no céu do trovão
que o menino é sempre passarinho
e dá de beber na janela do mundo
a todos os versos
até embriaga-los para
acordar como Manoel de Barros
as cores do amanhecer
acordar as águas das fontes
revigorar os pés cansados dos montes
e calçar-lhes novas sandálias
para não tropeçar n o zênite
levitar sobre a nomenclatura dos vermes
que esgarçam a palavra
no frenesi dos abismos
dizer da alvura das tempestades
além da escuridão
da gravidade da luz
em todas as idades
dar de beber ao cântaro
carregado de ansiedades
que fermenta as leveduras do chão
e sempre sorver de água fresca de verbos
recém –colhidos
queria assim...

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

ELE É NASCIDO!!!


poema em destaque da semana em:
http://encontrodepoetaseamigos.ning.com/forum/topics/os-melhores-trabalhos-desta-1?xg_source=activity

>Ele é nascido!!!
Ele é nascido todos os dias
apenas um menino pássaro
apenas um menino poesia
e embriaga minha alma...

quando voa pelo céu
quando escreve pelo chão
e sopra os versos na manjedoura do mundo
É Natal no Verbo do coração!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

UM PENTAGRAMA DE NATAL



Pintura em madeira/séc. VI d.c. /retrato de Jesus/o Nazareno/detalhe/ ao lado do Prior do mosteiro Ména/da Abadia de Baouit/ no Moyenne Egypte/Museu do Louvre/Paris/FR

FELIZ NATAL!
PRÓSPERO ANO DE 2010!


Quando o vento sopra as estrelas
sopra os frutos
tudo o que se guarda
se move
pois quem traçou o caminho dos ventos
também deixou seus rastros
escritos na via das estrelas
e um pentagrama de gaivotas...
Assim como é em cima
é embaixo diz a Lei!
Desde a primeira pedra te espero
à beira do rio onde nasce o milho
lá onde se multiplicam as palavras
e os peixes de sangue e jade
e a aurora esparge o pólen
A pedra foi revolvida
Ele é nascido todos os dias...


É NATAL!


terça-feira, 24 de novembro de 2009

DAS PALAVRAS





As palavras não podem mais
se conformar ao lugar onde estão
elas buscam novos circunflexos
que a água da boca saliva o verso
que o mel explode a bomba
e o mar cabe na língua salgada
e a verdade escapa na pipa
dos olhos que o vento flana
enquanto a pedra se faz
tua semente e chama!

domingo, 22 de novembro de 2009

ENQUANTO OS MENINOS DORMEM


pintura/Kansuet



( em Babel)
Dormem ainda guardados os meninos
nos homens marcados
com seus segredos degredos
dormem nos orfanatos da memória
dormem na história
com seus códigos indecifrados
dormem entre os semáforos das ruas
da cidade bélica do corpo
caminhantes ou habitantes dos últimos modelos das últimas naves
trafegam pelas esquinas escuras da indiferença
no colo da flor da própria pele
do abandono da febre
de si próprios
no colo da flor da civilidade
soltam pipas
soltam pipa no lixo das bocas
dormem os meninos por entre os seios da cidade louca
despida e sem leite
no vértice das ruas
com suas musas nuas
dormem no colo meu no colo teu
dormem no útero
daquele que veio e não nasceu
dormem nas estrelas no bicho papão que o gato comeu
entre as teias dos alvéolos de ozônio
Dormem os meninos homens sem céu sem sonhos
enquanto derretem o azul ...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

PALAVRA





Dá-me a tua palavra de cheiro e saberei reconhecer
o sabor da florada de tua alma!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

AMANHECENTE


Queria passear de mãos dadas com a palavra sem conceitos
queria transformar as pedras em colméias
e gritar a Deus no céu do trovão
que o menino é sempre passarinho
e dá de beber na janela do mundo a todos os versos
até embriaga-los para
acordar como Manoel de Barros
as cores do amanhecer acordar as águas das fontes
revigorar os pés cansados dos montes
e calçar-lhes novas sandálias para não tropeçar n o zênite
levitar sobre a nomenclatura dos vermes
que esgarçam a palavra no frenesi dos abismos
dizer da alvura das tempestades além da escuridão
da gravidade da luz de todas as idades
dar de beber ao cântaro carregado de ansiedades
que fermenta as leveduras do chão
e sempre sorver de água fresca de verbos
recém –colhidos
queria assim...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

LAVRATURA






Não me espere cedo
chegarei tarde
quando a colheita já estiver madura
aviso-te
para que regues o amanhecer
nunca lavro a sós...

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

SEI QUE ME ACORDARÁS




Sei que me acordarás
caminhas sempre comigo

dobrando os sinos das minhas noites cansadas

farfalhando com a luz de tuas mãos

as madeixas das minhas folhas dormidas

Sei que me acordarás

a qualquer momento explodindo a canção

e ficarei novamente pasma e verso

com teu beijo reflorescente

com as asas das tuas mãos aconchegando

as borboletas dos meus grãos

e modelando a essência dos lençóis da minha manhã

que de ti goteja.

sábado, 12 de setembro de 2009

POUSO





Pouso na tua gota poema
como o orvalho que cai sobre a pétala cansada
e assim como a lágrima que tomba
da prancha dos teus olhos
pouso em tua alma esta saudade
Mas minhas asas são desfolhadas
sou sempre tua página virada
dor e presença camuflada
volátil olor de tua verdade!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

BEIRAIS

foto/Edu Hoffmann
Bosque do Papa/Curitiba/PR/Brasil


Caminho pelos beirais

no fio aceso da lâmpada que me guarda

há um olhar que irrompe sob a espiral

de um tempo de águas puras

sob a névoa o trapézio da linha e da medula

o pé que saltita e cresce grita a árvore

o galho onde pousa o pássaro

e diz dos beirais do mundo

voce que me amanhece

e comigo adormece

palavra monólogo que ouço

dueto do meu eu profundo...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Sofia Versus/Zocha/No Jardim


O vento corta o pão entre os lençóis

um olor se esvai

há pétalas morrendo no jardim das reticências

há mudas eloqüências na boca da argila

Mas quando escurece os teus versos acendem

e não há espetáculo maior

do que quando caminhas descalço...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CENTEIOS




Deixa que eu te ame em olor e remoinhos

permita que eu te ame entre névoas e espinhos

faz frio e a cidade vai adormecer no meu colo

o mistério vai decerrar as portas da hora

os musgos crescerão eremitas a lamber os muros

mas os crepúsculos agora se guardam

deixa que eu te ame

nesta pequenez de substancia amante

desse elixir que agora bebo

da tua saudade que me devora

Os céus guardam os seus centeios

e o pão se faz ceia entre os lençóis

terça-feira, 30 de junho de 2009

DEIXA QUE A CHUVA LAVE O MEU ROSTO


Eu preciso de ti

eu preciso me banhar

naquela poça d'água pura

que espelha o céu da minha argila

e o pássaro de minha alma nela se banha

Deixa que a chuva transborde

as conchas do meu entardecer

que preencha todos os beirais vazios

que anseiam pela cálida luz da manhã

quando as rendas da aurora

dos teus olhos se abrem

e o cheiro de café

envolve em volúpia

o sabor da minha grinalda

permita ainda

que a chuva lhe conte estórias

por onde passou

dos pés de quem lavou

dos rastros que escondeu

dos pecados que perdoou...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

MI LOT


LOT






tradução para o espanhol pelo poeta JUAN JAIME MARTIN RUIZ






Não sei como cozer a primeira letra

nem desfiar a última meu tecido de nuvens

urde pregos em meus olhos

não te encontro em lugar algum

As sombras escrevem pelo avesso

as borboletas singram suas metáforas

suas águas de manhãs frias e gris

A minha retina decompõe a palheta

já se desmancham os fios das minhas letras

e o grão e o pão cheiram a mofo

Em mil e um dardos essas pedras de sal esculpem-me.

Quão bela é essa tua estrada meu Lot!




LOT

No sé como cocer la primera letra

ni deshilar la última

mi tejido de nubes urde clavos en mis ojos

no te encuentro en lugar alguno

Las sombras escriben por el reverso

las mariposas singlan sus metáforas

sus aguas de mañanas frías y gris

mi retina descompone la paleta

ya se deshacen los hilos de mis letras

y el grano y el pan huelen a moho

En mil y un dardos esas piedras de sal me esculpen

¡cuán bella es ésa tu senda mi Lot!


segunda-feira, 8 de junho de 2009

OLHO NO OLHO




Olho no olho

a_pesar a minha não compreensão

meus olhos d'água enchem a cisterna!

sábado, 9 de maio de 2009

AQUELES PÃES DE SOL

Millet


(...para minha mãe que amava e cultivava as margaridas) releitura poética


Aquelas mãos pequeninas

debulhavam os grãos

e misturavam a dor e a farinha de trigo

o óleo o sol a água o fermento o colo

o unguento...

Algumas horas deitavam a massa

dentro da suave concavidade do berço

e recoberta por um singelo véu

de algodão alvejado

meu olhar também ali

cingia-se na expectativa do repouso

Horas depois do longo sono

suas mãos coreografavam

a flexibilidade dos grãos

e da massa que lentamente

assumia a forma aos seus toques

Pães de sol cheiravam do forno quente

e recobertos pelos mesmo véu branco

impregnavam de ternura a minha vida

os espaços das minhas formas

e impregnam a minha saudade...

segunda-feira, 4 de maio de 2009

ETER_NO FOGO/LÍRICAS DE UM EVANGELHO INSANO

Rembrandt




Desde ontem quando a arca emergiu das águas

e salvou as vozes da eternidade

que habitam a concha da minha lâmpada

queimam meus rios em chamas

além das vestes da minhas ramas

com seus tufões que me despem

e assim desnudas gritam teu nome no labirinto

quando te chamo
que o amor arde em outra língua

além da palavra!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

LUZ QUE SANGRA/LÍRICAS DE UM EVANGELHO INSANO

pintura/ Carlos Bracher



Luz ó luz que sangra

do ventre e sela

entre os lençóis da língua

da minha boca a abóboda

onde gritam os teus ecos

É desta lua no espelho

que reescreve

o que não vejo e gorjeio?

Tudo revira tudo esfacela

o pó quando revolve o vôo

a luz que sangra entre o outono

e a primavera

e sorve do teu orvalho

na fenda do lábio a quimera

que acorrenta a gota à fera!

sexta-feira, 10 de abril de 2009

UM PENTAGRAMA PASCAL

pintura/em madeira/Séc.VI D.C./
retrato/Cristo ao lado do superior Mená/mosteiro em Baouit/Moyenne Egypte
Museu do Louvre/Paris/FR



FELIZ PÁSCOA!



Quando o vento sopra as estrelas
tudo o que se guarda
se move
pois quem traçou o caminho dos ventos
dos turbilhões
também deixou escrito o das estrelas
e um pentagrama de gaivotas...
e quem está em cima
também embaixo está
Desde a primeira pedra te espero
à beira do rio onde nasce o milho
lá onde se pescam os peixes de sangue e jade
e a aurora esparge o pólen
A pedra foi revolvida!
Vem!

domingo, 5 de abril de 2009

SOB OS OLHOS DO POEMA/NO JARDIM DE SOFIA (zocha)




... leve-se mil anos a abrirem-se as páginas

ainda assim ameiado frente e verso

vidas o meu poema

Te carrego minha estrofe pela cidade nua

pelas esquinas derretidas do meu tempo

na luz do pavio da minha arca cinzelada

te sopro sob o gume da lua com sua luz prateada

que corta o céu e a terra

e te esparrama pelas minhas estradas

Ainda que a noite me queime teus lírios

não te desnudará de mim sabor de meus pães...

sábado, 21 de março de 2009

O TORNO ENTORNO/NO JARDIM DE SOFIA (zocha)

imagem/mnemosyne





Direito e avesso

lume que evapora dos teus olhos

essa linha divisória nunca divide

O torno entorno da massa me argila

Sou a eflúvea entrega da fiação

que te escreve nos vitrais da meação

a própria sílaba calcinada

no ritual de lava-pés sempre inacabado

Sou o teu lado nunca exposto

o beijo oculto que te respira

frente e verso em tua folha de rosto

sangue misturado

de ermidas longínquas

de coiotes silvados de cerrados capões

de trevas famintas de gargantas alquebradas

meu sangue verte-te ponto sideral

nestes cabelos de milho outrora verdes

em nuanças de trigais maturados

espigas debulham grãos calcinamem

pedras lavradas sulcadas pelas tuas águas

que te lava o corpo meu corpo entalhado no teu

vértice das mesmas horas cocção do mesmo breu

entre os anéis dos meus cabelos

em filigranas dores

anelos caligramam partículas

páginas dos teus!

quarta-feira, 11 de março de 2009

UM PÉ DE POEMA





Vou plantar um pé de poema

já esterquei a cova

fiz desova com minha pena

já arregacei os baldes da manga

fiz descarrego das veias

assim planto esse pé de poema no canteiro do agora

crivo nos cravos dos olhos meus

Bordarei sem palavras esses teus umbigos

adejarei borboletas além da barriga desta aldeia

Já reguei das bilhas borrifei as calhas com água benta

nas asas do verso o ácido da placenta

a terra te bebe o córrego

fio d'água escorre eternidade!

segunda-feira, 9 de março de 2009

SALMO APÓCRIFO/NO JARDIM DE SOFIA (zocha)





A tua luz hachura os meus sentidos

O meu corpo fragmento busca tuas eternidades

Entre um vale e outro lançam-se as vestes

e as minhas asas pousam-te os lábios

Suave roçar da minha pele respinga

os lençóis do tempo da tua argamassa

As nuvens escrevem além do que o vento traça

Selada liturgia!

terça-feira, 3 de março de 2009

SÓ UM CANTO

pintura/Khalil Gibran



Só um canto e a luz acorda

a orgia celeste recomeça

em minha alma agreste

tu és a carne do meu sonho

o espaço a pausa a laceração

desse anjo demônio

dessa lousa ferida

entre essas cordas que plangem

toco-te ainda vestal

com minha saliva de vinhas

no calabouço dessa pedra sangrada

em veneno e loucura

a tua pele rasga o sal

da ancestralidade da minha!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

ESPUMA E SOMBRA

desenho/da Vinci/Museu do Louvre/Paris


De onde vens palavra minha?!

Para onde vais?!...

Espuma e sombra sob os véus

reluzes e sombreias a minha prancha

doce é o enlevo do teu beijo

e formosa a composição de tuas formas

De incenso é a tintura de teus sons

mas a sombra não descalça os teus pés

nem o plasma de tua boca

nem este enredo da asa de teu verso

Mas meiada de teu rochedo em meu sonho

e plasma aceso em mim neste vaso

me alcovas com tua luz e me exparges...

Ainda ontem te colhi flor

do meu sal!

sábado, 24 de janeiro de 2009

TABOADA

tela/Paul Klee
( OJardim de Sofia/zocha)

Não sei de cor a cor da Taboada

preciso da tua mão para atravessar a rua

nunca sei qual o tom do mosaico da estrada

o trânsito há milênios é congestionado

nas minhas artérias

Mas na igreja bizantina na colina da Vila G

repicam os sinos

vai começar a missa ortodoxa das seis horas

Seu Emídio crente sai

com sua bicicleta preta para ir trabalhar

na fábrica no bairro do Portão

é operário religioso

a polaca Tida sua mulher gratina o pão

com gema de ovo

No bagageiro da bicileta

ele leva a bíblia cristã

ele a lê todas as noites em suas vigílias

de guarda noturno

eu não entendo a bíblia de Descartes

seus capítulos eróticos de fast foods

meu olhar reciclável busca Rembrandt

Veermer Van Gogh Velásquez

Gibran
Ainda piso descalça sobre os pregos

O martelo repica aos meus ouvidos

na acústica dobram os cravos

de purpura evapora a rosa

aos meus sentidos!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

DE CASA DE GAZA

imagem/mnemosyne


É possível não compreender

a sucessão de agoras

que explodem

e fragmentam corpos

sonhos memórias

continuam caindo da mesa

migalhas de pão

dardos

desumana história

da não compreensão

dos ensaios do tubo

do olhar lacaio

de soslaio

da explosão

dos gases de dentro

de casa de Gaza

do império da razão!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

VIDA UNI_VERSO EM EXPANSÃO



Estas são apenas palavras de uma apreensão sensível. Os místicos e suas experimentações, o conhecimento intuitivo do homem há dezenas de séculos corroboram de que a mente humana é um universo em expansão e que o ser humano está consequentemente em evolução como este universo. Ordens iniciáticas tradicionais, originadas da Tradição Primordial postulam essa pedagogia secularmente e empreendem em seu processo pedagógico de ensino e preparo dos neófitos o desenvolvimento da personalidade humana para essa compreensão. Nessa expansão em busca de auto conhecimento vale redarguir que toda forma de conhecimento que interaja à evolução e ampliação da consciência humanas, no mais puro e elevado sentido ético e estético de sua natureza é benéfica. A sede insaciável do buscador o conduz inexoravelmente à percorrer no Atrium interior ou fora dele já desde cedo, pelo embate da vida, os caminhos dessa necessidade interior. Tudo pode ser um estado de consciência em contínuo movimento cíclico à desabrochar à novas dimensões com nova compreensão do estado de ser no tempo e espaço. Uma caminhada em contínuo florescer à interioridade perceptiva, às novas dimensões da consciência que se amplia, se redimensiona e experimenta novas sensações de apreensão sensível do mundo. E mais uma vez o aforismo se confirma: o microcosmo humano reflete o macrocosmo e suas leis e a evolução humana,em interação e natureza, um continuum por harmonias!