sábado, 24 de janeiro de 2009

TABOADA

tela/Paul Klee
( OJardim de Sofia/zocha)

Não sei de cor a cor da Taboada

preciso da tua mão para atravessar a rua

nunca sei qual o tom do mosaico da estrada

o trânsito há milênios é congestionado

nas minhas artérias

Mas na igreja bizantina na colina da Vila G

repicam os sinos

vai começar a missa ortodoxa das seis horas

Seu Emídio crente sai

com sua bicicleta preta para ir trabalhar

na fábrica no bairro do Portão

é operário religioso

a polaca Tida sua mulher gratina o pão

com gema de ovo

No bagageiro da bicileta

ele leva a bíblia cristã

ele a lê todas as noites em suas vigílias

de guarda noturno

eu não entendo a bíblia de Descartes

seus capítulos eróticos de fast foods

meu olhar reciclável busca Rembrandt

Veermer Van Gogh Velásquez

Gibran
Ainda piso descalça sobre os pregos

O martelo repica aos meus ouvidos

na acústica dobram os cravos

de purpura evapora a rosa

aos meus sentidos!

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