sábado, 9 de maio de 2009

AQUELES PÃES DE SOL

Millet


(...para minha mãe que amava e cultivava as margaridas) releitura poética


Aquelas mãos pequeninas

debulhavam os grãos

e misturavam a dor e a farinha de trigo

o óleo o sol a água o fermento o colo

o unguento...

Algumas horas deitavam a massa

dentro da suave concavidade do berço

e recoberta por um singelo véu

de algodão alvejado

meu olhar também ali

cingia-se na expectativa do repouso

Horas depois do longo sono

suas mãos coreografavam

a flexibilidade dos grãos

e da massa que lentamente

assumia a forma aos seus toques

Pães de sol cheiravam do forno quente

e recobertos pelos mesmo véu branco

impregnavam de ternura a minha vida

os espaços das minhas formas

e impregnam a minha saudade...

4 comentários:

eder ribeiro disse...

Lilian são de doces lembranças como estas que conhecemos de que é feita a alma de uma poetisa, pois a poesia como a sua é uterina. Bjos.

O Profeta disse...

As andorinhas do Mar chegaram
Com alegria tatuada nas penas refulgentes
Soltam chilreados estridentes
Dançam no azul, rodopiam contentes

A maresia adormeceu na areia
O mar transformou-se em espelho de água
Uma nuvem mirou-se nele
Verteu uma última gota de mágoa


Boa semana


Doce beijo

Madalena Barranco disse...

Oh, Lilian,

Seu poema tem cheirinho de pão com o Sol vivo da lembrança materna... Amei!

Beijos
P.S. perdoe-me a ausência no site "La voz de la palabra". Estou agora, tentando entrar no ritmo.

Madalena Barranco disse...

Lilian querida,

Muito obrigada pelo comentário sensível sobre meu artigo no blog da Editora Novitas... Fiquei emocionada. Obrigada e... Vida longa à Poesia!

Beijos.