sábado, 27 de fevereiro de 2010

ESTA NÃO É UMA PARÁBOLA DA 'BOBA' DE MALFATTI!


tela/A BOBA de ANITA MALFATTI


Ela descascou versos
e plantou maçãs em queda livre
fez bicos rendados de seios em volta de panos de algodão
à espera-lo
pintou trigais trocados em arraiolos
confundiu o repicar dos sinos
quando ouviu ecos da madeira caindo na floresta como galopes
de seus passos
como escutou Plath...
e acudiu que era o verbo
mas a leveza e o peso da razão
pedra falsa
ao largo lago
revelou o in(fiel) da pena de Anúbis

e ela teve que retroceder
pelo mesmo fio
que tecera para as rendas
agora já tíbios rios desfiados pelo vento
e ela ficou
assim sentada sonhando
..sempre sonhando

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

FLORES DO TEMPO


Tenho apenas essas flores do tempo
flores do agora
guardo apenas esses sorvos da hora
mas o infinito recurva-me os horizontes
e floresço também com esses olhos
nas pétalas dos teus
pelos domos salgados
lírios dos teus montes
tenho apenas essa vírgula
essa vigília
esse pouso essa colméia
esse vitral guardado
esse ponto ensimesmado
peregrino
sobre as sombras de todas as coisas

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

HAIKAI /2j







Bosque de silêncios
Guarda-te floresta viva
verdejante acústica

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

DA SUBSTÂNCIA DA PALAVRA COM O POETA YOUSSEF RZOUGA




A POESIA E SUA SUBSTÂNCIA COM O POETA YOUSSEF RZOUGA NA CONTEMPORANEIDADE é o título do livro de biografia com publicação on line sobre o poeta e sua poesia no BOOKRIX.COM compreendendo apreciação em português e traduções de vários autores enfocando uma abrangente visão multifacetada de opiniões e repertórios sobre a sua obra. Youssef Rzouga, poeta tunisiano, distingue-se na atualidade em contexto interativo ao trabalhar a palavra e seus signos com uma intensa experimentação poética em várias línguas, eis que escreve em mais de seis idiomas. Nesse contexto abrangente são os caminhamentos poéticos e linguísticos que sua obra percorre, a evidenciar-se no profundo sentimento de busca, que traz à tona substratos ancestrais comuns de expressão poética e artística entre povos e nações, através da poesia. E, dessa forma a linguagem com Rzouga constitui-se numa experiência estética que sempre inova deflagrando novas amplitudes de discernimento e consciência através da arte da palavra.



http://www.bookrix.com/showbooks.html?showbooktitle=lilian-reinhardt-a-poesia-e-sua-substancia&pid=yourez

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Da Paixão



(poetrix)

A paixão se não

transmutada em luzeiro

-não amanhece!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

HAIKAIS






IIIC
Fiação na roca
umbigo cósmico e tear
ponto no espelho


IV C
Lava nesta concha
aceso fóssil no ninho
A ave foi ferida
VC
É Portada aberta
Na floresta inquieta
a lua chegando
VIIC
Dobram-se esses juncos
na travessia do vento
vergada a tormenta
IIX C
Aranha fiandeira
só arquiteta e vigia
a cada laçada
XIIC
Efígie gasta
na moenda louca
roda só rolando

XIIC

Luz no clausura
filtra a casa do mundo
é morada acesa

HAIKAIS






VI/A

É pássaro cansado
no preâmbulo do instante
este caminhante

VII/A

Pão desta brevidade
a dor do tempo é fome
à mesa da campa

VIIIA
Pesando à brisa
este alforje de penas
sobrevoa ventos

IXA

Esta massa sem liga
esfarelada viga
secaram os olhos

XA
Estes pés descalços
ampulheta na areia
jazigo ao vento

XIA

Debulha acesa
esses óleos sangrando
luz amanhecente

HAIKAIS






III

Vestida de tempos
a aranha é fio de rumos
que o prumo tece

vii

Terra queimada
esparge e sopra-te cinzas
São penas das horas


XI

Ave pelo céu
Afundam-se as raízes
dos olhos da árvore


xii

Pergaminho d’ água
chora a metáfora a pauta
da cachoeira


XXXIII
Menino sem ninho
pássaro no buraco negro
busca-o na ave