quarta-feira, 9 de abril de 2008

MEMORIAIS DE SOFIA (zocha)

www.thousands.com


(Carroção do Tempo (dos polacos))

(no Tempo dos Cordeiros)



Havia um tempo de cordeiros,

havia um tempo de aceiros,

de novelos brancos, de aneis de gelo,

tinha água da bica na cozinha,

as cadeiras toscas de palha

enredavam-se à mesa de pães,

modelados e patinados,

de claras e gemas de ovos caipiras.

Mas, havia também, um lume agonizante

naquela casa,

uma face torturada, uma fixação da morte

que recendia de nossas almas.

Havia um vazio de vento cortante

de casa moribunda,

uma prece vagante, rochosa,

de genuflexão doída, profunda,

uma masmorra gelada, petrificada,

aquela casa era alugada, quase geminada,

sempre acesa de círios ardentes,

o varão, meu pai, sempre ausente,

aquela casa era expropriada!

Nenhum comentário: