(Carroção do Tempo (dos polacos))
(no Tempo dos Cordeiros)
Havia um tempo de cordeiros,
havia um tempo de aceiros,
de novelos brancos, de aneis de gelo,
tinha água da bica na cozinha,
as cadeiras toscas de palha
enredavam-se à mesa de pães,
modelados e patinados,
de claras e gemas de ovos caipiras.
Mas, havia também, um lume agonizante
naquela casa,
uma face torturada, uma fixação da morte
que recendia de nossas almas.
Havia um vazio de vento cortante
de casa moribunda,
uma prece vagante, rochosa,
de genuflexão doída, profunda,
uma masmorra gelada, petrificada,
aquela casa era alugada, quase geminada,
sempre acesa de círios ardentes,
o varão, meu pai, sempre ausente,
aquela casa era expropriada!
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