segunda-feira, 3 de março de 2008

ISTO NÃO É UM POEMA PARA MAGRITTE

O poema é feito de azeite?
me gusta levedura natural,
misturo alho com leite,
um céu sem continente, sem novelo, hibernal,
isto não é um poema, não é uma prosa,
não é uma pátria, mas, talvez seja uma rosa,
uma coxia, mas, nunca um tribunal,
ou será um funeral ocidental,
talvez, um corrimão, uma demão,
um par de tênis deixado no corredor,
um condenado à espera da hora da câmara,
um poema pode ser bem uma tentativa,
uma nova nomenclatura de Marselhesa,
um delírio tremens de existir,
um endosso de Lombroso,
ou um cascalhar de algum grafite pelos riscos
dos Rios, das favelas deste país, sem chão...
de subsistir, de inexistir,
de rumorejar, de ser e retroceder,
de retrilhar os sonidos da contramão.
Um poema talvez nunca tenha a sua hora
do feijão. Mas, talvez possa pincelar texturas,
com pátinas de gemas de tempo forçado,
ainda não vivido,
de amadurecer pomos de amores d'outros
coalhados,
no mó do gozo arrendado.
Tudo talvez, seja o todo num poema que seja
e não seja, palavras soltas, apenas palavras,
sílabas mal calcinadas,
sinais perdidos na estrada,
só pra lembrar bolhas de palavras,
de Hiroshima, de sabão?!!!

Um comentário:

Madalena Barranco disse...

Lilian, que show de poema! Adorei a relação do feijão com a poesia- hehehe! O que posso dizer, senão que é original e sensível? Beijos, querida amiga e muito obrigada pela sua mensagem em meu blog - fiquei feliz de que tenha gostado de meu conto 'Anjo virtual".