(Conjuração do Verbo com Sofia (Zocha)))
Sou extremamente desconfiada de mim então desconfio
das palavras. Desconfio da teia das palavras, dos pontos,
das pinças, desconfio das rinhas que frequenta, a palavra
afunda meu espaçamento, o meu ser tempo, me oculta,
me engedra, me respira, mas, não me compreende nem
eu a compreendo. Devo ser-lhe uma caixa oca, com uma
ressonância louca de estupefação de gritos ancestrais da
minha maturidade, violentada no meu tempo/espaço.
Não bordejo, nem vaquejo, me enredo entre sinais que
contesto. Se é habitação me descuido em habita-la, se me
resvala, caio na sua vala, afundo na rala. Desconfio da
palavra, me recuso a entende-la, tento verga-la como o
junco, quebra-la como o cinzel, bebe-la do tonel do cálice
das minhas sangrias, mas, me asfixia, me endemonia, me
lanha, me verte e não me submete, não lhe faço rogo, não
me penitencia, não lhe considero verso puro, fico sempre
atrás dela, desconfiadamente, com meu olho aberto no
escuro, sangrando o meu verbo oculto...
2 comentários:
Por vezes, a palavra escrita nos parece um tanto estranha...Como o filho que tomamos nos braços, logo que nasce...Estranha-se o palpar concreto de algo que antes, era apenas uma sensação... Mas, por vezes, as palavras são verdadeiras e confiáveis!
Perfeito o seu texto!
Beijos de carinho e muita luz no seu coração...
Querida Lilian, a palavra vive em sua poesia e percorre as artérias de cada verso maravilhoso.
Beijos e uma ótima semana para você.
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