Meio longe ou meio perto só uma mancha imensa
na retina de borra da tela esmaecida. Não sei se
passo perto ou passo longe, se fico em cima ou se
fico embaixo, se o banco é alto, então, minha visão
é abaixo da linha do horizonte, mas a grande bacia
da água é muito grande, uma imensa cratera e gira
o meu olhar como em decanto, não consigo segura-lo
e a figura daquele homem como uma grande estátua
me horroriza. Como dificuldade olho a grande mesa,
há leite, pão feito em casa, canecas esmaltadas, mas,
não consigo ve-la...não a vejo, os pés de madeira bruta
sobem aos céus como grandes colunas. Me agarro com
dificuldade neles e consigo subir com dificuldade sobre o
banco. Aquele homem ao longe tem uma barba muito
longa, como uma velha árvore tombada permanece
naquela posição imóvel. Os circunstantes arrastam seus
enormes pés...ouço-lhes as correntes, há como é
terrível ouvior os sons de correntes, correntes que
degolam, assim o matadouro próximo daqui tá
fazendo agora, correntes que se usam em pescoços
com santinhos, correntes que em cadarços amarram
sapatos, que afundam pregos em sua sola...há o solado
dos sapatos e o velho sapateiro Lucidório que mora
no bairro Jardim Paulista, há alguns quilometros daqui
do escritório...com seus sapatos consertados, congelados
naquelas prateleiras com cheiro de cola, tinta e fungo de
pés... os pés que são suportes e arrastam correntes...mas,
a barba enorme daquele homem sentado continua
fustigando o meu olhar como uma imensa mancha
que o tempo, nem as águas das chuvas não conseguem
diluir...sua barba é uma enorme corrente serpenteando
as dobras do instante. E eu, não consigo segurar o instante,
a palavra foge, se esfuma, apenas a ouço e já a vejo
despregar-se no tempo, mas, a grande mancha se
reconfigura na tela e revejo com claridade atrás da
palavra o velho alemão, Nikolao, meu avô, com suas
longas barbas, os pés dentro da bacia de água cheia
de sangue e uma ferida profundamente escavada
sangrando-lhe intermitentemente de uma das
colunas de suas pernas...No vazio do espaço a
formatação das linhas das águas que se esvaem,
a barulheira na farmácia aqui ao lado, o cinza
recaído sobre o gramado da manhã, as correntes
se arrastando e se despetalando no mesmo ritmo,
tudo sempre se esfumaça, se rasga, sine die...
na retina de borra da tela esmaecida. Não sei se
passo perto ou passo longe, se fico em cima ou se
fico embaixo, se o banco é alto, então, minha visão
é abaixo da linha do horizonte, mas a grande bacia
da água é muito grande, uma imensa cratera e gira
o meu olhar como em decanto, não consigo segura-lo
e a figura daquele homem como uma grande estátua
me horroriza. Como dificuldade olho a grande mesa,
há leite, pão feito em casa, canecas esmaltadas, mas,
não consigo ve-la...não a vejo, os pés de madeira bruta
sobem aos céus como grandes colunas. Me agarro com
dificuldade neles e consigo subir com dificuldade sobre o
banco. Aquele homem ao longe tem uma barba muito
longa, como uma velha árvore tombada permanece
naquela posição imóvel. Os circunstantes arrastam seus
enormes pés...ouço-lhes as correntes, há como é
terrível ouvior os sons de correntes, correntes que
degolam, assim o matadouro próximo daqui tá
fazendo agora, correntes que se usam em pescoços
com santinhos, correntes que em cadarços amarram
sapatos, que afundam pregos em sua sola...há o solado
dos sapatos e o velho sapateiro Lucidório que mora
no bairro Jardim Paulista, há alguns quilometros daqui
do escritório...com seus sapatos consertados, congelados
naquelas prateleiras com cheiro de cola, tinta e fungo de
pés... os pés que são suportes e arrastam correntes...mas,
a barba enorme daquele homem sentado continua
fustigando o meu olhar como uma imensa mancha
que o tempo, nem as águas das chuvas não conseguem
diluir...sua barba é uma enorme corrente serpenteando
as dobras do instante. E eu, não consigo segurar o instante,
a palavra foge, se esfuma, apenas a ouço e já a vejo
despregar-se no tempo, mas, a grande mancha se
reconfigura na tela e revejo com claridade atrás da
palavra o velho alemão, Nikolao, meu avô, com suas
longas barbas, os pés dentro da bacia de água cheia
de sangue e uma ferida profundamente escavada
sangrando-lhe intermitentemente de uma das
colunas de suas pernas...No vazio do espaço a
formatação das linhas das águas que se esvaem,
a barulheira na farmácia aqui ao lado, o cinza
recaído sobre o gramado da manhã, as correntes
se arrastando e se despetalando no mesmo ritmo,
tudo sempre se esfumaça, se rasga, sine die...
Um comentário:
...lembranças inconscientes, por vezes nos amedrontam...Muito bom o seu texto, querida Lilian! Nenhuma novidade para quem conhece o seu trabalho...Beijos e muita luz!
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