terça-feira, 13 de maio de 2008

UM GOGÓLICO DESTEMPO COM ZAVADSKI

http://www.thousands.com/




"executo meus versos na flauta das minhas vértebras..."

Maiakóviski





Ele era destempo, destemperado e gogólico,

empunhava a batuta, era pesado, monódico,

pisava firme, afundava o chão e parecia um

engolidor de almas. Ele era um destempo

impróprio à carnaduras, chegava sempre pelo

longo corredor da caverna e por aquela goela

de turbilhonante ansiedade dizia: - A profanação

retempera os desejos, recompõe heresias, é

preciso reconfrontar texturas, libertar-se do

caminho original, do caminho paternal, os animais

nas passagens quebram as bilhas na busca pela

água e comida. Na opressão da caminhada, no

pastoreio, rompem volteios, fogem de velhos

comboios que encontram ao acaso nas estradas,

escapam das similares prosas do mundo. Puxa

a corda umbilical do pião - completava, fugaz

é o gozo da humana condição. E, arrematava

a prosa sem leilão: - O homem é um forjador

de linguagens e no remoinho da história o

lugar é de combates. Avante animais, para

o abate! No fundo, talvez, o verbo, esse sôpro

de ruídos profanadores seja, apenas, um tempo

de incompletudes, do grunhido das coisas, um

tempo de recrias, da palavra sempre grávida

e do animal grávido, alquímica forragem!...

2 comentários:

Madalena Barranco disse...

Querida Lilian,

Parece-me ouvir um ferreiro ou quiçá ourives de templo dourados forjando preciosas palavras, assim como sua poesia. Beijos.

eder ribeiro disse...

pela palavras o homem pariu o caos, e a palavra, ou seja, o verbo é a verdade dita pelo homem em nome de deus. bjos.