quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

SIMPLESMENTE SOFIA (zocha)

Sofia encaracolou os cabelos louros
de polaca lambida.
Hoje, em algum lugar do presente tirou
a blusa de cambraia branca com rendilhas
nas bordas da gola
e irreconhecível caminha entre as cercanias
do jardim, de lenço, chapéu de palha e
botas com o tesourão nas mãos.
A cada picotada no pescoço das roseiras,
atira longe os galhos imprestáveis,
que seu Lucas marido (lukinha) cata
e depois deixa limpinho o terreiro,
porque o chão se reescreve e escrever
como dizia Clarice, pode ser uma
forma de abençoar uma vida,
que não foi abençoada.
São Tomaz de Aquino chegou com Aristóteles
da Abadia de Tomáz Coelho, cidade colonizada
pelos poloneses no Paraná, com Geraldo.
Observam a teologia de Sofia e este último tem
dificuldade em entender as suas oxítonas
e as equações riscadas no afofamento da terra.
Geraldo é o sobrinho quase padre católico que
observa os movimentos rítmicos de tia Zocha
entre as cortadeiras formigas.
Se, o canteiro é água, ar, fogo e terra, pisca
pra Graça, sua amada, por quem deixará a batina,
afofando tudo com o sopro do zelo,
não é difícil tentar descompreender o jardim...

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