quinta-feira, 11 de março de 2010

TEMPORAS TEMPORANEIDADES








Dorme essa minha cidade
dorme ainda com esse corpo de pão amanhecido
dormem os trigais dormem os gemidos
entre as agulhas as ogivas não dormem
Mas dorme acesa a lâmpada de ontem
dorme ainda a abelha/ a colméia não dorme
dorme a ferida e aquela criança
dorme o cão guardador de homens
no asfalto cego da madrugada
dorme a luz sob o pessegueiro recém nascido
e o umbigo das minhas sombras
no espelho é rosto teu entre os meus adormecidos
É noite ainda nas temporas da memória

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