terça-feira, 21 de outubro de 2008

UMA CARTOGRAFIA BIOGRÁFICA COM O POETA CONTEMPORÂNEO YOUSSEF RZOUGA


" há que fazer calar-se os cães
enquanto florescem os
roseirais..." (Youssef Rzouga)
Uma das figuras mais representativas da moderna poesia árabe e contemporânea ocidental o poeta tunisiano Youssef Rzouga abarca, hodiernamente, com sua profícua obra literária uma dezena de trabalhos críticos e de reflexão escritos sobre a mesma. Nesse contexto rastreante de sentidos, vez que sua obra poética se escreve em várias línguas, o poeta a experimenta em vários idiomas, entre elas, o português, vamos trazer para conhecimento e informação de nossa cultura nesta série, suscintos depoimentos e vozes de críticos e escritores hodiernos que nos inserem aos caminhamentos da substanciosa poética de Rzouga, com suas abrangentes reflexões. Assim diz Haifa Baccar, crítica tunisiana:"... Youssef Rzouga em sua obra "O Filho da Aranha propõe edificar uma ponte entre Oriente e Ocidente utilizando o rosto único de seu material predileto, a poesia. É inovador, conciliador e instigador de uma nova corrente poética...para a crítica a poetisa e escritora francesa Chantal Morcrette que prefaciou a obra de Rzouga, diz que este ousa, inova com uma nova métrica, inserindo à poesia ocidental francesa, a métrica árabe, criando um novo ritmo poético na atualidade, o "ociriental". Este, resultaria de uma inserção de medidas orientais na composição literária francesa levando-se em consideração certas alternâncias precisas de sílabas curtas e longas que conferem à poesia oriental o seu ritmo próprio e o seu segredo. Assim, como um maestro o poeta executaria sua sinfonia apoiando-se sobre notas e ritmos. O poeta, diz Haifa ainda referindo à Rzouga assemelha-se a um Rimbaud de nossos tempos trabalhando a palavra como um ímã a ocultar, obstruir, a mergulhar no constante ritmo do claro/escuro referencial, caminhando ao metalínguistico, perturbando esquemas estabelecidos, transgredindo regras, aproximando-se consoante a estrutura sonora com sua poesia, ao canto de Paul Verlaine, ao deslumbramento da metáfora real de Baudelaire." A escritora e poetisa francesa Chantal Morcrette, citada por Haifa diz ainda: "...Youssef Rzouga se inscreve num contexto de uma grande agitação de uma marcha inevitável. A criança brinca no estádio dos grandes, o olhar lançado à frente. Falar de Rzouga é anunciar um espetáculo aberto, um jogo, um bailado, onde o teatro e o quotidiano convivem. As decorações podem compreender as costumeiras ou serem extraordinárias nesse palco...mas, as gravatas que vestem o artista devem abranger mil e uma silhuetas para mascatear o mundo através do coração. No caminho de Rzouga Oriente e Ocidente estão lado a lado, a terra toma assento ao mar para tornar-se azul, é o lobo e o homem costa à costa que falam a Vida e através desta uma força ancestral e uma mão que se estica ao outro. Nos jardins de Rzouga, diz Morcrette, a poesia é fábula, mas a sua estrada tortuosa se abre pelo mundo em ascensão incontrolável..." Em ressunta, neste capítulo que aqui abordamos (II), citamos o crítico tunisiano Hedi Khalil que enfatiza que a originalidade poética de Rzouga assenta-se sobre uma ótica visionária do poeta e da poesia e sua necessidade hodierna de reconciliar-se com as exigências dos saberes, no assentamento das relações humanas com a expressão lídima de diálogo e humanismo diante da transculturalidade hodierna hoje globalizada.
MÚSICA AMBIENTAL
Youssef Rzouga
Nunca é tarde
para fazer algo
atirar-se ao mar por exemplo
e por em fila os peixes coloridos
à manifestarem-se contra
o tubarão
Nunca é tarde
para vencer este complexo
de inferioridade por exemplo
subir ao trono das coisas
e fazer calar-se o cão que ladra
enquanto florescem os roseirais
Nunca é tarde
para denunciar-se o culpado
de ontem de hoje
feito inocente às vezes
tocar o tambor
dançar de vez em quando
e triunfar sobre uma vida
de grande vazio

Um comentário:

mundo azul disse...

...não! Realmente nunca é tarde...Sempre haverá tempo, até segundos antes de irmos para a grande viagem...


Lindíssimo, maravilhosas as imagens criadas!


Beijos de luz e o meu especial carinho, Lilian!!!